Capítulo 1 – Vírus
Os vírus são agentes parasitas obrigatórios, constituídos basicamente de ácidos nucléicos e proteínas, acelulares, ao contrário dos seres vivos. Considerados sistemas moleculares auto-replicativos, pois enquanto fora do hospedeiro (vírion) não apresentam metabolismo, mas quando parasitando uma célula, consegue se replicar, utilizando o maquinário bioquímico de seu hospedeiro para tal fim. Apesar do enorme malefício causado por esses agentes, estudos vêm sendo realizados, na área da geneterapia e no combate contra bactérias resistentes a antibióticos, utilizando neste vírus bacteriófagos.
Existem vírus de DNA e de RNA, sendo este último classificado em vírus de cadeia positiva, negativa e retrovírus. Vírus de cadeia positiva produz RNAm com mesma sequência de bases de seu genoma, o de cadeia negativa, produz RNAm complementar ao seu genoma, já o retrovírus, apresenta uma enzima chamada de transcriptase reversa, produtora de DNA a partir do RNA viral. Todos os vírus são envolvidos por um capsídio (protéico), podendo ser envolvido por um envelope viral em alguns casos, sendo assim chamados de vírus envelopados, como por exemplo, o vírus do herpes, varíola, rubéola e da gripe. É importante lembrar que independente do tipo de envelope viral, encontramos as proteínas ligantes utilizadas pra invadir a célula hospedeira, o que torna esses agentes específicos, como por exemplo, o vírus da gripe que se liga ao epitélio respiratório. A penetração do vírus, pode se dá de três formas: injeção de DNA (bacteriófago), fusão do envelope viral (HIV) ou endocitose (gripe).
foto: estrutura do vírus da gripe
Em relação ao ciclo reprodutivo viral vamos destacar três tipos distintos: o ciclo de um vírus bacteriófago, do vírus da gripe e do HIV. Os bacteriófagos se aderem à parede bacteriana, perfura e injeta seu DNA, ocorre então a transcrição de RNAm, realizando a síntese de proteínas virais que inibem o funcionamento dos cromossomos bacterianos. Novas moléculas de DNA viral são produzidas e se associam a proteínas formando novos vírus e ao final da infecção (após 30 minutos) são liberadas lisozimas que degradam a parede bacteriana rompendo-a (ciclo lítico). Pode ocorrer também de o DNA viral se integrar ao cromossomo bacteriano formando o provírus, ou permanecer no citoplasma (epissomo), sendo estes dois últimos chamados de vírus temperados. O vírus da gripe, caracterizado pela presença de espículas H (hemaglutinina) e espículas N (neuraminidase) e identificados pelas variações dessas estruturas, e por apresentar várias moléculas de RNA diferentes, penetram na célula por endocitose, liberam as moléculas de RNA, que migram para o núcleo, ocorre a transcrição e produção de proteínas virais, formando novos vírus que são liberados por exocitose, podendo ou não haver morte celular.
foto: ciclo do bacteriófago
foto: ciclo de vida do vírus da gripe
O vírus do HIV apresenta duas moléculas de RNA idênticas, integrase, transcriptase reversa e proteases. Utilizam glicoproteínas para se ligarem, principalmente às células epiteliais e sanguíneas. Se fundem à membrana hospedeira, liberando seus componentes no citosol. Ocorre à transcrição reversa, formação do DNA, que penetra no núcleo e se insere aos cromossomos (integrase). Começa a produção de RNA viral, que são traduzidas resultando na produção de longas cadeias polipeptídicas, que são cortadas pelas proteases, formam-se novos vírus e são eliminados. É importante lembrar que o vírus, após ser integrado pode ficar em estado de latência (provírus), impedindo-o de ser eliminado do organismo.
foto: ciclo do HIV